Imprensa: A filosofia da Legião Urbana - texto de VIVIANE BEVILACQUA no Pioneiros de Caxias do Sul

05/07/2012 | N° 11418

LIVRO

A filosofia da Legião Urbana

‘Canção, Estética e Política’ lembra grupo que reunia amor e protesto nas mesmas letras

Canção, Estética e Política – Ensaios Legionários (Editora Mercado de Letras, 175 págs., R$ 60) é, sim, mais um livro sobre a Legião Urbana, banda de rock surgida em Brasília, no início da década de 1980, liderada por Renato Russo, morto em 1996. Mas é mais do que uma biografia do grupo que vendeu mais de 20 milhões de discos.

Trata-se de um livro de ensaios filosóficos, no qual o autor Marcos Carvalho Lopes faz uma análise minuciosa da vida e obra de Renato Russo e sua trupe, além de uma profunda crítica cultural. Para o doutor em Filosofia Charles Feitosa, que assina a apresentação da obra, enquanto os outros grupos de rock da época se revezavam entre canções românticas ou de revolta, a Legião Urbana criava sons híbridos poderosos, capazes de reunir na mesma levada versos de amor e de protesto (como na música Índios, de 1986). “Isso foi um das marcas da originalidade da Legião Urbana: aqueles garotos eram capazes de, em um mesmo gesto musical, conectar o universal com o particular; o coletivo com o individual; o político com o afetivo. Nesse sentido, o livro Canção, Estética e Política deve ser saudado como um importante acontecimento literário e cultural”, escreveu.

A obra, acredita Feitosa, representa um importante avanço para a filosofia universitária brasileira, que ainda teima em fixar seus olhos na cultura europeia e a ignorar o que se passa à sua volta. Os ensaios propõem diversas chaves de compreensão das canções da Legião Urbana, percorrendo temas tão diversos quanto complexos, como o tempo, o cotidiano, o amor, a existência, a sociedade de consumo, a solidão, os rumos do país, os impasses da arte. O livro de Marcos Carvalho Lopes convida a escutar novamente as canções, mas com olhos e ouvidos renovados.

A Legião Urbana é até hoje um dos grupos musicais da gravadora EMI que mais vende disco de catálogo, com média de 250 mil cópias por ano. Só isso já bastaria para explicar a importância de Renato Russo (voz), Marcelo Bonfá (bateria e percussão) Renato Rocha (contrabaixo) e Dado Villa-Lobos (guitarra, violões, bandolim e viola). O fim oficial da banda foi em 22 de outubro de 1996, 11 dias após a morte de seu mentor, líder e fundador.

viviane.bevilacqua@diario.com.br
VIVIANE BEVILACQUA

 

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/impressa/11,3811060,1217,19936,impressa.html